Era verão, o que dificultava as coisas. Sempre era mais fácil atravessar o lago gelado que liquido. Apesar de o gelo ter ficado mais fino nos últimos anos. Consequências do aquecimento global, ou lá o que era.
Chegou ao outro lado, finalmente. O que via à sua frente era um pasto sem fim de renas comendo. Nesse dia, Michael havia de levar uma rena para casa. Em breve a sua filha mais velha se casaria e queria festejar como deve ser, com carne de rena nos festejos. Ia escolher a maior, pois ainda eram alguns convidados. O que sobrasse, daria aos convivas. Assim se vivia em sociedade.
Após um dia cansativo, dispôs-se a apanhar a rena que lhe parecia ter mais carne. Prendeu-a nas patas com uma corda que trouxera no barco. Não foi fácil. A rena debateu-se. Mas, no final, conseguiu.
Remou para casa, com a rena no barco, ainda o sol ia bem alto. É o que dava ter três meses sem noite.
Chegou a casa com o presente. Chamou Iulia, sua esposa, e Mari, sua filha mais velha. Elas ficaram deliciadas com o presente. Faltava menos de uma semana para o casamento, tinham de começar a amanhar a carne já. Mataram a rena e aproveitaram o seu sangue. Começaram a tirar o pelo à rena, para que conseguissem lidar com a sua carne. Cansados, pois já passava das onze da noite, decidiram deixar a rena, irem se banhar e deitarem-se. O dia seguinte ia ser longo...
De manhã, comeram blodplättar (panquecas de sangue de rena). Já há alguns meses que não as faziam. O sangue tinha terminado, não tinham morto nenhuma rena para uso pessoal desde aí.
Depois do pequeno almoço, foram tratar da sua vida. Eram cinco, quase seis da manhã. Michael tinha de ir ver da pastagem das renas, enquanto Mari e Iulia ficavam em casa a tratar da rena.
Passaram dias e veio o casamento. A carne de rena já estava pronta.
As festividades correram bem. Toda a aldeia foi convidada. Mesmo assim, sobrou carne e doces. Dividiram entre todos, já que muitos tinha ajudado na festa.
- Foi uma bela festa. – Comentou Iulia.
- Sim, é verdade. Já temos uma filha casada. – Respondeu Michael. – Mais uma que nos vai…
E ficaram abraçados a ver as gentes partir…
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