segunda-feira, julho 16, 2018
Carta de um filho abandonado
Mãe, porque me abandonaste? Preciso muito de você, há tanto que preciso te contar. Preciso te dizer o que se passou comigo desde que deixaste na rua. Tenho fome, sabes? Tentei pedir comida, mas poucos me deram. Me deram dinheiro, pensei que dava para comida, mas as lojas não aceitaram, disseram que era apenas uns trocos. Saí morrendo de vergonha e esfomeado. Depois, um senhor, vendo o meu estado, me disse que sabia onde tu estavas, que me conhecia. Quis tanto acreditar! Deixei ele me levar onde ele queria. Acabamos no quarto de motel. O que ele me fez... Não há palavras para o descrever. Ele, depois me deu de comer e beber, para esquecer o que tinha acontecido e não o contar a ninguém. Mas preciso tanto contar a você, mãe, tudo o que se passou comigo.
Como estarão meus irmãos mais novos, seus filhos e de seu novo namorado? Estarão bem ou também os abandonou? Eu posso cuidar deles, se precisar. Não os abandone também, como fez comigo. Não sabe quantas vezes chorei em silêncio, sabendo que ninguém viria me salvar.
Aquele homem que dizia te conhecer vem me visitar às vezes. Me leva para o motel, me dá de comer. Eu aceito, mais ninguém cuida de mim. Diz que tem amigos que gostariam de me conhecer, que não me farão mal.
Eu sinto a sua falta, mãe. A falta de seus carinhos, de seu beijo à noite, antes de dormir. Agora minha cama é o cimento. Passo frio. Seu namorado ainda está zangado comigo, por fazer muita bagunça e comer muito? Eu aprendi a comer menos, e a fazer menos bagunça.
Vem me buscar, mãe? Eu te amo.
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