segunda-feira, julho 16, 2018
Tudo de mim
Eu era uma jornalista de renome. Era, pois perdi-me. Tinha tudo o que podia desejar. Uma carreira de sucesso, viagens…. Só não tinha o amor. Esse, tinha o perdido, entre mentiras e falsidades. O que se passara, então? Muita coisa, muita que não queria acreditar, abrir os olhos. Só os queria fechar e não os abrir mais.
Entretanto a vida seguira. Eu cuidava da nossa filha. Morávamos na casa dos meus pais para que o transtorno da mudança não a afectasse. Sim, era feliz, à minha maneira.
Um dia, decidi que estava na altura de escrever um livro sobre a minha vida, até então. Uma história sobre as minhas aventuras nas viagens. Nada que afectasse a minha vida intima. Não queria a minha filha ou o pai dela espelhado no livro. No entanto, foi o que acabou por ocorrer. Senti-me mal e bem, por o fazer. A vida tem as suas diferentes razões…
Depois, a apresentação do livro. Ocorreu em Lisboa, a primeira, e foi um sucesso. Nem eu esperava assim tanta gente. Depois, vinha outra apresentação. No Porto. Era onde ele estava. Só rezava para que ele não fosse me ver. Ainda para mais, com a nova namorada, que devia ter os mesmos problemas de ‘saúde’ que ele, pelo que me constava… Isto, vindo da própria boca dele.
Chegou o dia e ele apareceu. Ou não tivesse a nossa filha falado no assunto para o pai. Apareceu e vinha, realmente, acompanhado. Estava preparada para tudo, menos para ser humilhada.
- Olá, Francisca. – Disse ele.
- Olá. Pretendes uma dedicatória agradável ou vens aqui para outra coisa? – Perguntei.
- Na verdade, venho aqui para outra coisa.
- Olha a novidade. – Disse eu.
- Deixa-o falar. – Pediu a namorada dele, como se fosse algo de sério.
- O que venho aqui para te dizer é que…. Tinhas razão. Eu traí-te mesmo. No dia do parto da nossa filha não te fui ver porque estava ‘ocupado’.
Calei-me. Engoli a raiva e pedi a quem me acompanhava para ir à casa de banho. Quando voltei, ele ainda ali estava. Sentei-me.
- Podes fazer o favor de sair? Tenho pessoas, humanas, para atender. Não restos de raça humana como tu. Sais por vontade própria ou é preciso chamar alguém?
- Eu saio, não há problema. Diz à nossa filha que lhe mando carinhos.
- Diz tu. Experimenta telefonar-lhe e dizer-lhe, também, a verdadeira razão porque não assististe ao parto dela. – Disse eu, em raiva crescente.
Saíram os dois. Ela nada fez, apenas assistiu. Eu queria me vingar deles. E ia consegui-lo.
Passado uns dias, ouvi o pai da minha filha falar para ela que se ia casar com a namorada. Senti cá uma pontada. Que fazia aquela relação ser diferente da nossa? Mas ia me vingar. No dia seguinte, aproveitando uns dias de descanso, contactei um detective privado. Queria descobrir tudo sobre ele. Ele não podia ter mudado tanto assim. Decerto tinha alguma amante.
Em poucos dias o soube. Ele, desta vez não tinha ninguém, além de a noiva. Bem, era altura de o ter. com a ajuda do detective privado, arranjamos uma rapariga bonita para servir de isco. Com longos cabelos loiros, um corpo de matar e olhos azuis-profundos, iria conseguir. E, em poucos dias, logro-o. Felizes com a nossa conquista, não esperávamos que a rapariga se apaixonasse por ele. Mas foi o que aconteceu. Então, a poucos dias do casamento, arranjamos forma de a convencer a ajudar-nos a acabar com o casamento. A principio ela recusou. Mas, depois de a fazermos ver que só seria feliz com ele se o casamento com a outra não acontecesse, ela aceitou. Um dia antes do casamento, ela pediu para se encontrar com o meu ex. disse que era urgente. Preparou-lhe uma bebida com comprimidos para dormir e deu-lhe. Depois, revelou-lhe que ele não iria sair dali para o casamento. Ele, caindo em sono, nem conseguia se aperceber bem do que ela dizia.
Dia seguinte. Já era tarde quando ele se levantou. Estava nu na cama da amante. Vendo que eram 10 da manhã, correu a vestir-se, mas não encontrou a roupa em lado nenhum. Acordou a amante, então. Ela avisou-lhe que ele não se casaria, que fosse nu, se quisesse. Mas ele lá arranjou uma camisa e uns boxers e saiu, pegando no carro dele.
Na igreja, vinha toda a gente a sair. A noiva, chorando, admirou-se quando viu o carro dele e pediu para toda a gente voltar. Mas ao ver o estado em que o noivo saiu do automóvel, arrependeu-se. Gritou com ele, xingou-o…. Recusou-se a casar com ele.
De longe, eu e o detective privado assistíamos a tudo, como se estivéssemos na primeira fila. Na verdade, o próprio detective privado disse que tínhamos ido longe demais. Mas eu não quis saber. Agora sim, estava feliz, ela havia provado do mesmo veneno que eu: a traição. Ele que se desenvencilhasse, eu não estava nem aí, mais.
Voltei para casa. Fingi que tinha estado numas férias no Alentejo. Os meus pais é que foram buscar a minha filha. Agora podia dizer que estava completa, com ela por perto. E eles longe…
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2 comentários:
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Beijinho
Ok. Obrigada pelo aviso, não tinha reparado nisso. Entretanto, segue-me no facebook, na minha página 'Escritos emocionais'. Está mais atualizada. Bjinhos
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