segunda-feira, julho 16, 2018

O amor a uma árvore


Jaime cuidava do seu pomar de maçãs. Tinha muito orgulho nelas. As suas maçãs preferidas eram as vermelhas, as do amor. Doces, macias, não havia melhor.
Um dia, chegou ao seu pomar para recolher as maçãs e reparou que uma das macieiras estava marcada. Tinha um coração, com letras lá dentro escritas. Não sabia quem era o S e o L, mas decerto iria saber. Aproximou-se da macieira. Quase que sentia um coração ferido a bater. Mas quem seria que invadira o seu pomar e deixara aquela marca?
Vários dias passaram e voltou a acontecer o mesmo. Aí, enfureceu-se a valer. Nenhum empregado jamais lhe tinha visto uma face assim. Temeram por si próprios. E deviam. Pois Jaime pôs tudo a ferro e fogo, que iria descobrir quem havia feito aquilo e bater-lhe a valer.
Uma noite, decidiu ir espreitar o pomar. Conhecedor dos terrenos, sabia como ir sem fazer ruído. Levou uma pequena lanterna, para o caso de se ver atrapalhado. Acabou por apanhar um casal a fazer amor, encostado a uma árvore. Tentou ver quem era. Como não conseguia, apesar da lanterna deles iluminar o local, aproximou-se, acabando por pisar um galho. Ao ouvirem barulho, o casal parou e olhou em volta. Ao verem Jaime, atrapalharam-se.
- Então, da Vinci, eras tu que andavas a deixar marcas? - Disse Jaime para Leonardo, a quem tratava pela alcunha de da Vinci.
- Sabe, patrão, são os calores do amor...
- Os calores do quê? Eu já te dou os calores... - Disse Jaime, tentando apanhar Sara, que lhe fugia por detrás de da Vinci.
De repente, tropeçou numa raiz. Deitado no chão, nem se apercebeu que da Vinci avançava com uma navalha, a mesma com que havia rasgado a árvore. Ia quase a espetar-lhe-a no peito, quando a atirou para o lado.
- Isto.... É um aviso, senhor Jaime. Nunca mais atente contra a minha vida ou a de Sara. Pode ser errado o que fizemos, mas não merecemos essa reação. - Disse da Vinci.
Jaime acenou com a cabeça que sim, havia compreendido.
No dia seguinte Sara e da Vinci chegaram atrasados ao trabalho, mas muito seguros de si próprios. Jaime não estava, quem estava era um capataz, que os informou que estavam despedidos. Primeiro veio o choque, depois as suplicas. No fim, a conformação. Acabaram por ir embora, sob o olhar longínquo de Jaime...

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