quinta-feira, novembro 23, 2006

Uma história com visão



Peter vivia numa aldeia. Era cego de nascença mas tinha uma sabedoria que ultrapassava a inexistência desse sentido. Era procurado por toda a gente da sua aldeia para dar conselhos. Mas por essa razão todos se esqueciam que também ele tinha os seus próprios problemas. Um dia ele fartou-se. Esperou pelo anoitecer que se anunciava. Preparou uma mochila com comida suficiente para dois dias. Quando finalmente sentiu o frio e a calma da noite chegar encaminhou-se para a floresta, que ficava a Este da aldeia. Conhecia bem aqueles terrenos. Sentia-os de uma forma que outra pessoa qualquer não conseguiria.
Despontavam os primeiros raios e já os aldeões trabalhavam a terra. Também começavam os primeiros problemas. Ao verem que não os conseguiam resolver seguiram para casa do Peter. Mas, ao lá chegarem, encontraram os seus pais num pranto pelo seu desaparecimento. Esquecendo todos os seus problemas decidiram procurar pelo Peter. Mas ninguém imaginava um rapaz cego a aventurar-se por onde quer que fosse. Mas, perante os factos, compreenderam que o estavam a subestimar. O único local onde ele se poderia ter escondido sem ninguém se aperceber seria na floresta. Então as pessoas mais conhecedoras da floresta juntaram-se para o procurar. Gentes à muito zangadas uniram-se na esperança de encontrar Peter.
As horas passaram e a população tornou-se mais unida que nunca. Já era tarde quando o grupo trouxe Peter de volta. Ao questioná-lo porquê tinha feito tal brincadeira ele explicou-lhes que não era brincadeira. Ele gostava de ajudar mas gostaria que ouvissem os seus problemas. E nem sempre ele estaria lá para resolver os seus problemas. As gentes compreenderam a sua explicação. E perceberam que também ele era um ser humano, tal como os outros.

quinta-feira, novembro 16, 2006

A minha alma



Sou aquela que talvez se perdeu,
aquela que talvez não seja mais que a breve memória do passado,
fruto de um esquecimento desolado.

Sou a memória que se perdeu no tempo,
a breve glória de um momento
e talvez, afinal, não passe de vento.

Sou apenas a breve história de um tempo,
sentimento profundo numa hora perdida.