quinta-feira, maio 18, 2017
A Carta
Despertaste o que havia de mais negro em mim. Trouxeste-me em revolução até aqui. De ti não consegui fugir, por mais que eu quisesse. Fazes-me poesia com as tuas mãos. Eu sorrio e tu continuas. São versos as linhas que me desenhas. Sinto-me sufocar de tão breve respirar.
Suficiente leve, acalmas. Por fim paraste de me bater. Eu sangro e tu ris-te. Não te hei de dar o gosto de me ver chorar. Rio-me continuadamente, contigo. Sentes raiva e dás-me mais uma chapada. Não ...suportas a minha felicidade. Temes que consiga ser feliz, sem ti. Ou, talvez, contigo. Não suportas isso.
Temes que me vá. Mas como o conseguiria sem ti? Porque te amo. Amo quando vens, depois, mais calmo. Quando me pedes desculpa. Quando me enches de beijos. Amo até quando me bates... Pois sei que voltarás arrependido.
Amo-te e não sei como te corresponder. Porque cada traço meu de felicidade tu atacas. Dizes que cozinho mal, que não sou como a tua mãe. Pois claro que não sou. Com ela tu não casarias. Com ela tu não serias feliz, como tantas vezes afirmaste. No entanto, comparas-me a ela, uma mulher que se deixa bater, que perdoa o marido, que desculpa o filho justificando que a mulher merecia. Talvez não sejamos assim tão diferentes, afinal. Mas uma coisa te juro: no dia em que decidires matar-me, perder-me-ás. Pois não voltarei a amar-te, não te esperei no inferno. Pois inferno fizeste tu em vida.
Por isso abandono-te da forma mais 'fácil': matando-me. Estou farta desta vida, por muito que te ame. Escrevo esta carta em lagrimas por não te conseguir suportar mais. É-me difícil, mas aqui estou eu, pronta. Tomo este veneno que, em pouco tempo, há de fazer efeito. E aqui te deixo, só...
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