Fechou os olhos. Beatriz não queria ver aquilo que não estava à sua frente. O seu namorado parecia ter se tornado um bicho. Ele, Luís, sempre tinha sido um pouco violento. Ela já sentira os seus punhos. Mas agora, de faca em riste, ameaçava-lhe matar se Beatriz não tivesse relações sexuais com ele. Há um mês que lhe recusava. Ela queria acabar com Luís. Pensou que, dessa forma, ele se cansasse dela e a deixasse. Mas, agora, ali estava ele. O brilho daquela faca assustava Beatriz, ela chorava desconsoladamente. Beatriz sabia que não tinha hipótese. Apesar da gritaria entre eles, nenhum vizinho bateu à porta. Ninguém iria ajudar, ninguém chamaria a polícia. Beatriz não tinha qualquer chance. Teve de ceder. Deitou-se no chão frio da cozinha, como ele mandava. Sentiu ele abrir-lhe o botão das calças. Sentiu repulsa pura nesse momento. Mas não o demonstrou. Não queria que ele soubesse que tinha nojo dele. Só o irritaria mais, tinha a certeza. Rasgou-lhe a camisola e arrancou-lhe o soutien. Ela, assustada, gritou. Mas não tao alto quanto quando ele despiu as suas calças e entrou dentro dela. Gritou como se ele estivesse a matá-la. E estava a morrer por dentro. Enquanto ele entrava e saía de dentro dela, Beatriz tentou apurar se ouvia algum barulho de alguma vizinha. Nada! Não ouvia nada que raiva sentia naquele momento. Por ela e por ele. Enquanto ele gemia dizendo 'Amo-te', ela era incapaz de sentir esse sentimento por ele. Sentia pena, pois ele só à força conseguia algo com ela. Pena da figura que fazia. Mas, mesmo devastada, não deixou de gritar. Alguém com coração havia de aparecer. O mundo não podia ser assim tão 'negro'.
Os minutos passaram e ele parou. Deixou-se estar dentro dela, enquanto Beatriz chorava. Ninguém havia aparecido, ninguém. Beatriz não o queria por perto. A faca... ali tão perto. Com cuidado, para não o assustar, tentou agarrar a faca. Quando estava prestes a conseguir, ele levantou a cabeça e viu o que ela estava a fazer. Agarrou na faca e levantou-se.
- Isto é só para aprenderes. - Disse Luís, enquanto aproximava a faca do pescoço dela.
Beatriz gelou nesse momento. Não queria morrer. Mas Luís parecia não fazer caso do rosto aterrorizado de Beatriz. Era o fim. Sentiu quando a faca lhe cortou a garganta. Nua, com frio, com o pescoço cortado, deixou-se ficar no chão. Viu-o a partir, levando a faca consigo. Será que os seus pais demorariam muito a vir? Só eles a podiam salvar.
Ana Sophya Linares
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