Um arrepio percorreu a espinha dela. Não podia acreditar no que tinha presenciado. Agora que o silêncio se tinha instalado na casa, Natália deixara se ficar debaixo da cama, aguardando. Estavam todos mortos. Porquê? Não sabia que se os seus pais tinham inimigos. E porquê matar os seus irmãos mais novos? Seria isso que estava destinado a ela?
Natália estava em choque, não conseguia chorar. A cena era demasiado macabra. Quase os tinham decapitado.
Sentia raiva aquela casa, demasiado longe de tudo. Era a casa de ferias, para onde iam às vezes, nos fim-de-semanas. O seu refugio tinha-se tornado um lugar de morte. Ela teria de andar quilómetros até arranjar ajuda. Isso se ela conseguisse escapar. Eles andavam de um lado para o outro, como que a verificar se a casa estava mesmo vazia. Um deles entrou no quarto. Ia a verificar debaixo a cama quando foi chamado. Natália sentiu-se aliviada por ter escapado.
Subitamente, ouviu todos a dirigirem-se para a porta e a irem-se embora. Ficou debaixo da cama. Só muito depois de ouvir os seus carros partir é que saiu de onde estava. O cenário era horrível, parecia sair daqueles filmes de horror. Sabia que era inútil tentar usar o telemóvel ali, não tinha rede. E também tinham cortado os fios dos telefones. Não podia aguardar, tinha de ir. Correu quanto pode até perder as forças e ter de caminhar. A lua ia alta, iluminava-lhe o caminho. Fazia frio, e Natália apenas tinha um casaco leve. Esquecera-se de como as noites eram frias ali. Como seria de esperar, nenhum carro passou. Tirando os seus pais, ninguém se lembraria e ir para ali em pleno inverno. Ainda bem que não nevava, seria ainda mais difícil caminhar.
A noite estava quase no seu fim quando viu luzes ao fundo. 'Que alivio.', pensou Natália. Sentindo-se com forças renovadas, começou a correr até lá. Logo que chegou a primeira porta, bateu com toda a força que lhe restava, e gritou. Veio à porta um homem de meia idade, com cara de poucos amigos.
- O que é que você quer? Não vê que ainda é cedo?
- Desculpe-me. Ajude-me. A minha família... foi assassinada.
E desmaiou. Já tinha poucas forças e não tinha sequer jantado. O homem amparou a sua queda e levou-a para dentro, onde a deitou num sofá. Quando despertou, quis dizer tudo a correr, mas o homem acalmou-a. Ela, então, disse tudo do inicio. Quando chegou ao fim, o homem disse que ia tudo correr bem que ia chamar a policia. Deu também a indicação de onde era a casa de ferias de Natália, tal como ela lhe tinha indicado.
A policia foi até lá e encontrou a casa limpa e sem vestígio de sua família. Quando Natália o soube, reclamou que o que tinha dito era verdade. A policia, sem acreditar nela, mandou-a ser internada num instituto psiquiátrico, onde ainda se encontra...
Sem comentários:
Enviar um comentário