quinta-feira, maio 18, 2017
Núria
Núria escondia-se atrás de uma árvore. Não queria ser vista por ninguém. Sentia vergonha de si mesma. Enquanto esperava que as pessoas passassem para poder regressar a casa, pensava em tudo o que se tinha passado. Eram quase 6h da madrugada. Os seus amigos haviam a deixado sozinha. Nunca se devia ter separado deles, nunca. Agora estava destroçada. O que iria fazer? Nunca havia experimentado droga antes. Até aquela noite. Que erro. Se soubesse quais as consequências... O que tinha tudo para ser uma noite de arromba tinha lhe corrido mal. Não se lembrava de grande coisa, mas os rasgões da sua roupa indicavam que algo de mal se tinha passado. Tudo o que Núria queria era chegar a casa. Os seus pais deviam estar a despertar e ela ali, naquele estado. Ela não queria que a vissem assim. Tinha de tomar coragem e ir para casa. Ninguém mais se encontrava na rua agora, apenas ela.
Recompôs-se e saiu de detrás da árvore. A casa de Núria ficava a apenas alguns metros. Núria correu até lá. Finalmente em casa. Fechou a porta com pouco barulho, para não dar nas vistas. Ouviu barulho. Vinha da cozinha, sua mãe estava lá, decerto. Tinha de tirar os sapatos para não a ouvirem enquanto ela subia as escadas. Tudo bom, conseguiu chegar a seu quarto sem ser escutada ou vista. Deitou-se na cama. Chorou desconsoladamente pela noite perdida. O que se havia passado de facto? Porquê os amigos a haviam deixado só? Não se lembrava de nada. apenas de tomar o tal comprimido e, depois, de acordar a um canto da discoteca com a roupa rasgada... Núria achava que devia de ir ao hospital fazer exames médicos. Mas sentia vergonha. Afinal, tivesse o que se tivesse passado, a culpa era dela. Ela é que decidira tomar o tal comprimido. A responsabilidade era dela.
Bateram à porta. 'Quem é?', indagou Núria. 'É a mãe. Já estás acordada?' 'Não, ainda vou dormir um pouco.', respondeu Núria. Era o melhor que tinha a fazer. Dormir. talvez o estranho mal-estar passasse. Mas, antes, decidiu ir tomar banho. Cheirava a discoteca.
Terminado o banho, foi-se deitar novamente. Só lhe apetecia dormir...
Estava a ter um sonho estranho quando acordou com o despertador. Tinha-o posto para as onze. Dormiria o resto à noite. Era horas de se levantar e fazer alguma coisa. Olhou para o telemóvel. Nem uma mensagem dos seus amigos. Nada, haviam-na abandonado de vez. Ela só queria saber o que se tinha passado. E se nunca o descobrisse? Mas Núria não iria ceder. não iria ligar para eles. Eles sabiam o que se tinha passado, eram eles que lhe deviam ligar. Ela só queria saber a verdade...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário