quinta-feira, maio 18, 2017

Laura

Estava escuro. Laura não sabia para onde se virar. Ouvia vozes ao fundo a troçar dela. Estava encurralada. Não haveria um herói que a fosse salvar, tinha de se safar sozinha. Viu uma rede. Era a sua única hipótese, escalar aquela rede com arame farpado. Isso ou deixar-se atacar, novamente. Estava farta do bullying de que era alvo. Não tinha amigos, só gente daquela a atacá-la. Não sabia mais o que fazer. Começou a escalar aquela rede com alguma dificuldade. Escalagem nunca fora o seu forte. Mas era a sua única hipótese de se safar, tinha de conseguir subir. Eles tinham chegado. - Onde pensas que vais? Vem cá abaixo para nós falarmos um pouco, não te fazemos mal. - Disse um. - Sim, nós não te vamos fazer mal. - Disse outra. Nem sequer sabia o nome deles, apenas que mentiam. Da última vez tinham-na deixado toda negra, por sorte não fora ao hospital. A sua mãe agira. Ficaram suspensos por uma semana. Esta era a sua vingança. De repente, apareceram uns cães do outro lado que rosnavam intensamente para Laura. Laura não sabia o que fazer. Se atravessasse o arame farpado, ia não só rasgar a sua pele como ser maltratada pelos cães. Após algum tempo de ponderação, decidiu que o melhor era voltar para trás. Os outros ainda lá estavam. Laura estava prestes a fazer um sacrifício. Tentou imaginar que não era ela, enquanto lhe batiam. Era outra, era ela, não Laura. No final tinham-lhe partido um dente e deixando-a toda negra a um canto, sangrando. Laura não se conseguia levantar, nem sequer mexer. Podia ser que a encontrassem. Podia ser que não. Podia ser que desaparecesse ali.

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