quinta-feira, maio 18, 2017
O lobo
Lá estava ele. Não, outra vez. Aquele lobo não a deixava em paz. Por mais que se tentasse mexer para fugir, não conseguia. Estava presa. E ele aproximava-se... Estava em cima dela...
Acordou. Estava suada. Há imensas noites que sonhava com aquele lobo de olhos raiados de sangue. Não conseguia descansar direito. Levantou-se e foi imediatamente tomar banho. Sentia-se tensa, mas tudo passou no banho. Todas as suas energias foram repostas. Estava um dia frio, mas o sol dava a sensação de calor. Tomou o pequeno almoço, enquanto pensava que fazer a seguir. Um dos males de ser desempregada, pensou Alexia. Não tinha nada para fazer. Mas também não lhe apetecia sair. Á algum tempo que andava com uma sensação que algo de mal estava para ocorrer. Sentia-se paranoica. Mas, ao mesmo tempo, aquela sensação não desaparecia. Há bastante tempo que dormia pouco e mal. Nem sabia como tinha dormido tanto nessa noite. Não tinha com quem falar pois a muito tempo, graças a essas paranoias, tinha perdido muitos amigos. Estava só. Mas tinha estranhas visões. Via um homem e um rapaz. Não, devia ser um sonho. Eles estavam mesmo a frente dela, a falar com ela. Mas as palavras pairavam no ar, palpáveis, em vez de ditas. Começou a acreditar nessas visões. Não mais onde se agarrar. Diziam que a iam salvar. Do quê!? Que mal estava para vir? Maldita sensação.
O dia passou... Veio a noite. No dia a seguir devia ir trabalhar. Mas algo a continuava a avisar de um mal que estava para vir. Não conseguia dormir. Toda a noite sem comer, apenas bebendo água. Sem dormir. Ela 'via' alguém, que alguém a iria esperar para lhe fazer mal. Não conseguia dormir. Sentia-se angustiada, não sabia o que havia de fazer. Ela iria mais cedo que da outra vez, para chegar a tempo. Ainda tinha de percorrer um quilometro, pelo menos, até ao local do trabalho. Mas tudo o que ela conseguia 'ver' era alguém á espera dela, no caminho, num carro... As horas passavam e Alexia cada vez mais angustiada. Devia ter feito o almoço do dia a seguir, mas não conseguia. As visões sucediam-se. Que vinha alguém e iria a proteger. Alguém iria impedir que lhe fizessem mal. Mas ela tinha medo. O caminho era longo e iria completamente sozinha.
Passou a hora de se levantar e se arranjar e ela sem o conseguir. Angustiada, decidiu que não iria. Iria pedir baixa por depressão. Era incapaz de sair de casa e fazer aquele caminho na escuridão completa tendo a sensação que alguém lhe iria fazer mal.
Sentia-se uma prisioneira da sua própria imaginação. Mas não tinha ninguém em quem confiar. Ninguém com quem falar. Ninguém para atestar que estava a ficar louca ou lúcida demais. Não sabia que fazer.
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