quarta-feira, janeiro 16, 2019

Para lá da visão, Capítulo 32

Joanne olhou para o interior da casa. Mais cuidada, pensava até quando iria aquilo durar. O avô e a avó estavam com carinhos para ela, mas isso era apenas em frente aos policias. Sabia que a sua opinião não iria ser ouvida. Tinha tanta falta da Célia. Mas tinham-na levado de repente. Agora estava ali, finalmente em ‘casa’. Não, a sua casa era com Célia. Decidiu falar. - Avó… - Disse Joanne. - Sim? – Disse a avó. - Quero a Célia… A avó respirou fundo e disparou: - Nunca mais a vais ver. Ela iludiu-te, raptou-te. Deves estar com aquela síndrome de Oslo, ou sei lá. - Estocolmo. – Disse o policial. – E ela tem razão. Não voltarás a vê-la. Joanne sentiu-se desesperar. Subitamente, começou a gritar e a chorar desenfreadamente. Os avós não sabiam o que fazer para acalmá-la. Apetecia-lhes dar duas bofetadas, mas não podiam. Estavam em frente aos policias, que também ficaram alarmados com a situação. Vendo que ela não acalmava e os avós nada faziam ou sequer o tentavam, chamaram uma ambulância. Acharam melhor ela passar a noite no hospital, para observação. Assim que Joanne lá chegou, acalmou. Vendo essa reação, ainda lhe passou pela cabeça levá-la novamente para casa. Mas ela era querida no hospital, muita gente tinha saudades dela. Acharam melhor, então, deixa-la lá passar a noite. Assim que deu entrada no quarto, cerca de três enfermeiras entraram, para ver como estava Joanne. - Querida, que saudades. Não te fizeram mal, pois não? Claro que não. Célia é boa pessoa, apesar de tudo. E o João é um amor… A pequena Joanne engoliu em seco. Não saberiam o que João lhe tinha tentado fazer? - Não quero o João. Quero a Célia. - Mas não sabes? A Célia foi presa, minha querida. E o João ninguém sabe. Desapareceu. Mas porque não o queres? - Não quero. - Pronto, ficamos conversadas, assim. Agora vamos te dar uma injeção para dormires. Soubemos que ficaste nervosa na casa dos teus avós. Há algo que queiras falar? Joanne mordeu o lábio. - Não. – Disse Joanne. - Pronto, descansa. Joanne assentiu, enquanto sentia a injeção a fazer efeito. Adormeceu quase sem dar por isso. As enfermeiras saíram, deixando-a a descansar. Mas ficaram intrigadas com a reação de Joanne para com os avós e João. Estaria ela a esconder algo? O dia seguinte chegou. Joanne acordou, aceitando o pequeno almoço. Tinha tido um pesadelo, que João se encontrava no hospital e desligava as camaras. E, quando acordou, teve a estranha sensação que se encontrava novamente na cave da casa dos seus avós, o que se revelou ser falso. Estava contente, até lhe informarem de uma novidade. - Querida, os teus avós vêm te ver. - Não… - Mas logo sais… - Não! Não quero! - Mas linda, não podes ficar aqui para sempre… - Disse a enfermeira. – Diz-me, que queres que faça? - Deixa-me ir. – Disse Joanne. - Sabes que não posso… - Tu não me ouviste! – Disse uma voz do interior de Joanne. – Liberta-me, agora. A enfermeira, como que hipnotizada, obedeceu. Levou-a até ao átrio, onde a largou. Célia, disfarçada, esperava-a. - Sabia que estarias aqui. – Disse Joanne para Célia. - Nunca perdeste a confiança em mim, como poderias? As duas apressaram-se a sair, pois a enfermeira, em transe foi interpelada por outra enfermeira que a abanou violentamente, para a despertar.

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