Na prisão,
Marcos acorda de um pesadelo. Tem a estranha sensação que Célia corre perigo.
Mas como sair dali? No seu estado, devia estar no hospital.
Alguém
grita o seu nome.
- Marcos!
Levante-se. Está livre, por ora. Alguém pagou a sua fiança. Recomponha-se,
homem.
Marcos
quer chorar, mas é incapaz. ‘Os homens não choram.’, diz para si mesmo. Pega
nas suas coisas à saída e sai. Mas, para onde vai? ‘Célia.’, diz na sua mente.
- Então,
amigo, não entras? – Diz uma voz no escuro.
Marcos
aproxima-se. Vê David dentro de um carro.
- Que
fazes aqui? – Pergunta Marcos.
- Olha,
vim buscar um amigo. Vá, entra!
Marcos
pensa. Mas para onde ia mesmo? Sim, a boleia dá-lhe jeito, e uma bebida também…
- Para
onde vais? – Pergunta David.
- A um
bar. Depois, a casa de Célia.
- Faz
sentido, foi ela que te ajudou a libertar.
- A sério?
– Pergunta Marcos.
- Sim. Até
inventou para o pai que andavas a ser sodomizado, imagina…
- Leva-me
antes à casa de Célia, já.
- Espera,
não íamos beber um copo?
- Primeiro
tenho de fazer algo. Espera por mim…
- Ok,
diz-me a morada dela que vou lá…
- Anda,
ficamos aqui esta noite. – Diz Célia.
- Mas não
é a sua casa? Não nos procuraram aqui? – Interroga Joanne.
- São só
umas horas. Anda, relaxa pequena.
- Preciso
ir à casa de banho.
- Força,
fica ali à esquerda. Vai.
Joanne, na
casa de banho, observa os objetos. Repara numa tesoura de cortar unhas…
Célia,
distraída, vai fazendo o jantar. Até que ouve bater à porta. Fica gélida.
‘Serão eles, já?’, pergunta-se.
Vai à
porta, pé ante pé, e espreita pelo binoculo. Abre de imediato a porta.
- Marcos!?
- Célia,
estás bem. Temia que algo tivesse acontecido contigo…
De
repente, Célia abre imensamente os olhos.
- Porquê,
Joanne… - Diz ela, antes de fechar os olhos para sempre diante de Marcos, que
se abaixa para agarrar o seu corpo.
- Célia!
Célia… - Diz Marcos, chorando. Marcos olha em frente e vê Joanne, com uma faca
de cozinha, ensanguentada.
- Eu nunca
fui louca, ela é que era. Acreditava em espíritos, pobrezita. Achava que uma
anomalia num ecrã era um espírito. Vitima das minhas mentiras, sonhou que a
via.
- Mais
valia matares-me, também. – Disse Marcos.
- E que
pensas que farei? – Disse Joanne, empunhando a faca de cozinha ensanguentada.
Nesse
momento, uma vizinha abriu a porta e observou a cena. Conforme ela fez isso,
Joanne deu um grito tão alto que até David, que se encontrava fora do prédio
ouviu, precipitando-se para a casa de Célia, onde viu o cenário.
Joanne
desmaiou. Ninguém agarrou nela, assustados. Quando ela despertou, deixaram-na
falar.
- Que se
passa, onde estou?
- Joanne,
não finjas… - Disse Marcos.
Nesse
momento Joanne viu o sangue, a faca e o corpo de Célia. Assustou-se.
- Agora,
ninguém me salvará…
Sem comentários:
Enviar um comentário