quarta-feira, janeiro 16, 2019

Para lá da visão, Capítulo 33





Na prisão, Marcos acorda de um pesadelo. Tem a estranha sensação que Célia corre perigo. Mas como sair dali? No seu estado, devia estar no hospital.
Alguém grita o seu nome.
- Marcos! Levante-se. Está livre, por ora. Alguém pagou a sua fiança. Recomponha-se, homem.
Marcos quer chorar, mas é incapaz. ‘Os homens não choram.’, diz para si mesmo. Pega nas suas coisas à saída e sai. Mas, para onde vai? ‘Célia.’, diz na sua mente.
- Então, amigo, não entras? – Diz uma voz no escuro.
Marcos aproxima-se. Vê David dentro de um carro.
- Que fazes aqui? – Pergunta Marcos.
- Olha, vim buscar um amigo. Vá, entra!
Marcos pensa. Mas para onde ia mesmo? Sim, a boleia dá-lhe jeito, e uma bebida também…
- Para onde vais? – Pergunta David.
- A um bar. Depois, a casa de Célia.
- Faz sentido, foi ela que te ajudou a libertar.
- A sério? – Pergunta Marcos.
- Sim. Até inventou para o pai que andavas a ser sodomizado, imagina…
- Leva-me antes à casa de Célia, já.
- Espera, não íamos beber um copo?
- Primeiro tenho de fazer algo. Espera por mim…
- Ok, diz-me a morada dela que vou lá…

- Anda, ficamos aqui esta noite. – Diz Célia.
- Mas não é a sua casa? Não nos procuraram aqui? – Interroga Joanne.
- São só umas horas. Anda, relaxa pequena.
- Preciso ir à casa de banho.
- Força, fica ali à esquerda. Vai.
Joanne, na casa de banho, observa os objetos. Repara numa tesoura de cortar unhas…
Célia, distraída, vai fazendo o jantar. Até que ouve bater à porta. Fica gélida. ‘Serão eles, já?’, pergunta-se.
Vai à porta, pé ante pé, e espreita pelo binoculo. Abre de imediato a porta.
- Marcos!?
- Célia, estás bem. Temia que algo tivesse acontecido contigo…
De repente, Célia abre imensamente os olhos.
- Porquê, Joanne… - Diz ela, antes de fechar os olhos para sempre diante de Marcos, que se abaixa para agarrar o seu corpo.
- Célia! Célia… - Diz Marcos, chorando. Marcos olha em frente e vê Joanne, com uma faca de cozinha, ensanguentada.
- Eu nunca fui louca, ela é que era. Acreditava em espíritos, pobrezita. Achava que uma anomalia num ecrã era um espírito. Vitima das minhas mentiras, sonhou que a via.
- Mais valia matares-me, também. – Disse Marcos.
- E que pensas que farei? – Disse Joanne, empunhando a faca de cozinha ensanguentada.
Nesse momento, uma vizinha abriu a porta e observou a cena. Conforme ela fez isso, Joanne deu um grito tão alto que até David, que se encontrava fora do prédio ouviu, precipitando-se para a casa de Célia, onde viu o cenário.
Joanne desmaiou. Ninguém agarrou nela, assustados. Quando ela despertou, deixaram-na falar.
- Que se passa, onde estou?
- Joanne, não finjas… - Disse Marcos.
Nesse momento Joanne viu o sangue, a faca e o corpo de Célia. Assustou-se.
- Agora, ninguém me salvará…

Sem comentários: