segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, capítulo 13








Quando Marcos chegou lá, a empregada de limpeza da igreja batia à porta, com algum nervosismo.

- Oi, tudo bem? É aqui que mora o padre?

- É sim. Ele hoje não foi na igreja, suponho que esteja doente. Tenho a chave, mas o padre pode estar a descansar. Sabe como são os homens quando ficam doentes. Exageram...

- Está certo. Pode me abrir a porta? Tenho um assunto sério para falar com ele.

A empregada abriu a porta. Empurrou-a e começou a colocar-se em frente a Marcos.

- Peço perdão, mas é um assunto sério e privado. - Disse Marcos.

- É algum exorcismo? - Perguntou a empregada.

- É isso mesmo. - Retorquiu Marcos.

A empregada deixou-o passar e saiu, fechando a porta atrás de si. Foi vendo as divisões, à procura do padre. Até que chegou ao quarto. A roupa da cama estava tirada. Chegou no banheiro e viu que o padre estava lá. Tudo muito limpo, o padre deitado na banheira com a garganta cortada.

- E agora, o que é que eu faço? - Disse para si mesmo.

Pensou em enrolá-lo nos lençóis e levá-lo para o carro. Mas era demasiado cedo, os vizinhos iam ver e ouvir. Precisava esperar. De repente, veio-lhe à cabeça: e se a empregada de limpeza ainda estivesse lá fora? Saiu do banheiro e foi até à entrada, onde espreitou pela janela. Lá estava ela.

- Oi, não precisa ficar não. O padre apenas se estava sentindo indisposto hoje, ele agora quer falar comigo. Diz que amanhã fala com você.

- Bem, se é assim, vou andando. - Disse a empregada.

- Olhe, espere. - Disse bruscamente Marcos. Pode me emprestar a chave? É que o padre está de cama. E eu preciso ir buscar algo a casa.

- Como não? Está aqui, pode pegar.

Marcos agradeceu e despediu-se dela.

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