segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, capítulo 30






- Estou, Valter?

- Sim, quem fala?

- É o Marcos. Como estão as coisas?

- Ah… Estão bem…

- E a Célia, está boa? – Perguntou Marcos, sedento de saudades.

- Está boa, está aqui. Queres falar com ela? Já agora, a Joanne está bem. Mas estamos a precisar de comida. Por isso vou ter de sair. Queres passar cá?

- Não posso, é muito complicado. Mas calha bem teres de sair. Eu e tu temos de combinar umas cenas.

- Ok. Manda o local e a hora, que eu te encontro. – Disse Valter.

Marcos indicou um café perto de uma lojinha onde podiam fazer compras. Encontraram-se lá.

- Então, como estão as coisas? – Perguntou Marcos, dando um aperto de mãos a Valter.

- Bem, agora que descobrimos o que o João andava a fazer à Joanne, vai bem. Existem, mesmo assim, coisas estranhas nela.

- Por exemplo…? – Perguntou Marcos.

- Ela conseguiu subir uma janela pesadíssima. Até eu tenho dificuldades com aquela janela, por isso a pusemos naquele quarto.

- Não é normal. Que ela disse sobre isso?

- Que a irmã queria que ela fugisse.

- Isso até me dá arrepios. – Disse Marcos. – E a Célia?

- A Célia está boa… quase nos íamos envolvendo noutro dia, mas achei melhor parar.

‘Que tipo de homem fala sobre esse tipo de coisas?’, pensou Marcos.

- Sim, e depois? – Perguntou Marcos.

- Bem, e depois achei melhor parar. Sabes, a miúda estava no quarto. Não que não me apetecesse continuar. Ela é uma fera insaciável. Mas pensei mesmo na Joanne e parei.

‘Que raiva.’, pensou Marcos.

- Bem, vamos falar de outros assuntos. Precisamos pensar em que fazer com a Célia… - Disse Marcos, sendo interrompido em pessoa pelo seu chefe, nesse preciso momento.

- Olá rapazes, tudo bem? Explica-me isso… - Disse o chefe.

- Isso o quê? Não vê que estou a tomar um café com um amigo? –Disse Marcos.

- Marcos, és tão burro. Nem deste pelo facto de que te pusemos uma escuta no casaco, num dos teus botões. Escusas de olhar para lá. Eu interessei-me pela historia de Joanne, acho que ela precisa ser protegida. Realmente, havia inconsistências no relato dos avós de Joanne. Encontrara um peluche na cave e fezes de ser humano. Estão a investigar isso. Creio que o hospital não é a melhor solução para Joanne.

- Então, qual a solução?

- Célia se entregar.

- Mas ela não pode fazer isso. – Respondeu Marcos. – Vão prendê-la. Por rapto.

- Não, se houver atenuantes. O que, neste caso, há. Ela é melhor tratada por Célia do que foi pelos avós.

- Então, onde podemos fazer a entrega? – Perguntou Valter.

- Eu não estou a falar consigo. – Falou o chefe de delegacia, virando-se para Marcos. – Que tipo repugnante. Eu estava a ouvir a vossa conversa, sabes…

- Agora sei. – Disse Marcos.

- Então, levem-me até ela.

Marcos hesitou.

- Como posso saber que está a dizer a verdade?

- Terás de confiar em mim…

Sem comentários: