segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, Capítulo 27






- Conta lá o que se passa? - Pediu João.

- O que se passa é o seguinte. - Disse Marcos. 

E contou sobre tudo o que tinha descoberto sobre Célia, incluindo a conversa sobre o seu pai.

- Caraca... Eu não fazia ideia. - Disse João. - Mas talvez seja boa ideia deixa-la fora desta história. Ela já fez a sua parte, agora é a minha vez.

- De que é que estás a falar? A Célia é a única hipótese de a menina ser normal. - Respondeu Marcos.

- Mas, como ela está a ser investigada e isso assim... Eu estou a ser investigado?

- Não, ainda não. Mas era boa ideia voltares ao trabalho. Não tens lá um primo ou coisa assim?

- Sim, mas não é a mesma coisa. Sabes...

- Sei que tu a salvaste. - Começou Marcos. - Também sei da tua 'queda' por meninas pequenas desde os teus quinze anos...

- Mas como poderias saber uma coisa dessas? Não nos conhecíamos então, não há nada que o prove. - Respondeu João.

- Eu sou polícia, lembraste? Não existe nada selado para mim. Está lá, num relatório. Se não voltares ao trabalho rapidamente, vou ser obrigado a ir por outra linha de investigação. E você, como segurança e pedófilo...

- Não sou pedófilo!...

- É pedófilo sim.

Todos no café encararam eles. Estavam a falar demasiado alto. Um casal com uma criança pequena levantou-se, pagou e saiu do café 

- És pedófilo. Sabes que sim. - Disse Marcos.

- Eu gosto de garotas um pouco desenvolvidas, não crianças.

- Aos sete anos não são desenvolvidas. E a criança que molestaste tinha oito.

- Eu não molestei ninguém, ela estava confusa...

- Talvez. Mas o teu primo sabe a verdade, decerto. Se eu o encarar e falar sobre o relatório, que vai ele me dizer? Como vai Célia reagir?

João pensou por um pouco. Por fim, disse.

- Está bem, eu acabo com as férias e volto ao trabalho...

- Acho bem. - Disse Marcos.



Entretanto, na casa dos pais de João...

- Explica-me, Joanne. Que aconteceu com o João.

- Nada. - Respondeu Joanne, encolhida.

- Ele não está aqui, querida... - Disse Célia, tentando abraça-la.

Mas a menina afastou-se. Valter chamou-a à parte.

- Se ela tivesse mesmo sido violada, nós tínhamos dado conta. - Disse Valter.

- Sim, é verdade. Pouco tempo esteve com João. Talvez tenha sido molestada. Mas, pelo João? Não faz sentido. Ele salvou-a. No hospital não podia ser, estava a ser vigiada constantemente pelas enfermeiras...

- Célia, tenho de te contar algo. - Disse Valter.

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