- Conta lá
o que se passa? - Pediu João.
- O que se
passa é o seguinte. - Disse Marcos.
E contou
sobre tudo o que tinha descoberto sobre Célia, incluindo a conversa sobre o seu
pai.
- Caraca...
Eu não fazia ideia. - Disse João. - Mas talvez seja boa ideia deixa-la fora
desta história. Ela já fez a sua parte, agora é a minha vez.
- De que é
que estás a falar? A Célia é a única hipótese de a menina ser normal. -
Respondeu Marcos.
- Mas, como
ela está a ser investigada e isso assim... Eu estou a ser investigado?
- Não,
ainda não. Mas era boa ideia voltares ao trabalho. Não tens lá um primo ou
coisa assim?
- Sim, mas
não é a mesma coisa. Sabes...
- Sei que
tu a salvaste. - Começou Marcos. - Também sei da tua 'queda' por meninas
pequenas desde os teus quinze anos...
- Mas como
poderias saber uma coisa dessas? Não nos conhecíamos então, não há nada que o
prove. - Respondeu João.
- Eu sou
polícia, lembraste? Não existe nada selado para mim. Está lá, num relatório. Se
não voltares ao trabalho rapidamente, vou ser obrigado a ir por outra linha de
investigação. E você, como segurança e pedófilo...
- Não sou
pedófilo!...
- É
pedófilo sim.
Todos no
café encararam eles. Estavam a falar demasiado alto. Um casal com uma criança
pequena levantou-se, pagou e saiu do café
- És
pedófilo. Sabes que sim. - Disse Marcos.
- Eu gosto
de garotas um pouco desenvolvidas, não crianças.
- Aos sete
anos não são desenvolvidas. E a criança que molestaste tinha oito.
- Eu não
molestei ninguém, ela estava confusa...
- Talvez.
Mas o teu primo sabe a verdade, decerto. Se eu o encarar e falar sobre o
relatório, que vai ele me dizer? Como vai Célia reagir?
João
pensou por um pouco. Por fim, disse.
- Está
bem, eu acabo com as férias e volto ao trabalho...
- Acho
bem. - Disse Marcos.
Entretanto,
na casa dos pais de João...
-
Explica-me, Joanne. Que aconteceu com o João.
- Nada. -
Respondeu Joanne, encolhida.
- Ele não
está aqui, querida... - Disse Célia, tentando abraça-la.
Mas a menina
afastou-se. Valter chamou-a à parte.
- Se ela
tivesse mesmo sido violada, nós tínhamos dado conta. - Disse Valter.
- Sim, é
verdade. Pouco tempo esteve com João. Talvez tenha sido molestada. Mas, pelo
João? Não faz sentido. Ele salvou-a. No hospital não podia ser, estava a ser
vigiada constantemente pelas enfermeiras...
- Célia,
tenho de te contar algo. - Disse Valter.
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