Ao ir para
onde o carro estava estacionado, viu o carro que tinha visto antes. Nessa
altura teve a certeza. Estava a ser seguido.
Célia
estava à conversa com Joanne, distraindo-a. Tentava que ela se interessasse por
um livro que havia comprado na loja, mas ela parecia não ter interesse algum.
Desanimada, virou-se para Válter.
- Não sei
o que fazer… Ela só quer brincar com a boneca…
- Observa
como ela brinca. Creio que algo nela não está bem…
De
repente, Célia observou bem como ela brincava. Viu que ela fingia, com um
boneco imaginário, que tinha relações sexuais. Mas não consentidas.
- Joanne…
- Disse Célia.
Joanne
parou imediatamente.
- Joanne,
passou-se algo que me queiras dizer? – Perguntou Célia.
Joanne fez
que não com a cabeça e foi para o quarto.
- Devo
segui-la? – Perguntou Célia para João e Válter.
- Não,
deixa-a um pouco sozinha. Depois, tenta aproximar-te dela e questioná-la… -
Respondeu João, interrompido pelo som de uma janela a abrir-se com brusquidão.
- Ouviram
isto? Joanne! – Gritou Célia, dirigindo-se, acompanhada, até ao quarto de
Joanne.
Ela havia
fugido pela janela. Célia saltou pela janela, seguida por Valter. João foi pela
entrada. Célia correu bastante, conseguindo alcança-la. Com a ajuda de Valter e
João levaram-na para dentro de casa, antes que algum vizinho viesse à porta. Já
dentro de casa, Célia acalmou a chorona Joanne. O que se havia passado com ela?
Como havia tido força para levantar aquela janela pesada?
Luís
Sargento telefonou para o chefe da delegacia um.
- Sim,
diga, meu caro Luís.
- Roberto,
é o seguinte. Apareceu cá na esquadra uma mulher, uma tal de Maria da Cruz,
empregada do padre José. Parece que ele desapareceu. Ela diz que reconheceu um
dos teus policiais como visitante do padre no dia anterior ao seu suposto
desaparecimento. Ou talvez já estivesse desaparecido, digo eu.
- Eu ouvi
uma conversa estranha assim, uma mulher que vinha tentar fazer queixa pelo
desaparecimento do padre. Mas parece-me que não foi aceite, por ser demasiado
cedo. Porquê me estás a ligar?
- Porque a
descrição que ela me deu corresponde ao teu detetive Marcos. E isto melhora: o
meu policial de serviço na recepção telefonou para o Marcos enquanto estava no
escritório com Maria da Cruz, a ouvir a história dela. Confirmei agora pelos
registos de chamadas.
-
Realmente é estranho… Eu, por acaso, coloquei um detetive privado a segui-lo.
Amanhã chamo-o cá, agora é demasiado tarde. Até amanhã. Depois te conto se
houver algo de estranho. Tchau. – Disse o chefe da delegacia um, Roberto.
- Tchau,
até amanhã. – Disse Luís.
Marcos
teve um pressentimento que, se o andavam a seguir, deviam também ter o registo
das suas chamadas na mão. Parou numa loja de telemóveis, antes de seguir para a
delegacia. Comprou um telemóvel descartável, dos mais baratos que havia.
Comprou um cartão, também, e pagou tudo em dinheiro, deixando uma generosa
gorjeta para a funcionária. A funcionária lhe entregou os artigos comprados,
juntamente com um cartão da loja com um número escrito. Por cima dizia:
liga-me. Marcos piscou o olho à funcionaria e sorriu. Ao chegar ao automóvel,
amachucou o cartão e deitou-o ao chão. Depois reparou que a funcionaria havia
ido até à porta e visto a cena, voltando para a loja. ‘Que se lixe.’, pensou.
Na verdade, estava a ficar cada vez mais interessado na história de Célia…
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