segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, capítulo 16








Célia deu umas bolachas para Joanne comer e fez-lhe festas, acalmando-a. Depois, foi fazer o jantar.

- Que sorte eu ter vindo. Nem gás havia. - Disse Valter.

- Sério? Isto não é gás natural? Ah, não, é de botija... - Disse Célia.

- Quando o João me ligou foi a minha preocupação. Tinha estado na casa às uns dias com uma garota e nem havia água quente para tomarmos banho...

- Mas a casa não era dos pais do João?

- Sim. Mas nós somos como irmãos. Fomos mais criados pela nossa avó que pelos nossos pais. Quando os pais dele morreram deu-me uma chave de casa, como irmão. Disse que podia vir cá quando quisesse.

- Vai demorar muito? - Perguntou Joanne.

- Estou a fazer a sopa. Descansa. - Disse Célia.

- Não quero estar sozinha... - Respondeu Joanne.

- Anda que o tio Valter vai brincar contigo. - Disse Valter, pegando em Joanne ao colo, fazendo-lhe cócegas.



João chegou à casa do padre. Bateu à porta.

- Até que enfim chegaste. - Disse Marcos. - Já tive de ligar para a delegacia a justificar o facto de não ter ido trabalhar o resto do dia.

- Desculpa, o caminho é longo, e estivemos a fazer compras. - Disse João.

- Compras!?

- Sim, não havia nada em casa para se comer.

- Muito bem. Agora anda a ajudar-me com o corpo.

Foram até ao quarto. O corpo já estava embrulhado num lençol. João tremeu. Marcos notou.

- O que foi? Com medo de um corpo? Foste tu que o mataste. - Disse Marcos.

- Desculpa. Nunca tinha feito isto... - Disse João.

- Estás a esquecer-te do bêbado que matou os teus pais...

- Tens razão. Mas já foi há tanto tempo. E não ganhei o gosto de matar por causa disso.

- És boa pessoa. - Disse Marcos.


Sem comentários: