segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, capítulo 7






Joanne foi para casa com os avós, que tinham recomendações dos médicos para vigiá-la. Assim foi. Joanne estava apreensiva com este regresso. Durante o tempo que havia lá estado, apenas agora havia recebido as visitas de parentes. Chegada a casa, agarrada a um peluche de um cão, deixou se levar até ao quarto que lhe estava destinado. Ou assim parecia. Era um quarto cor de rosa, cheio de brinquedos.

- Este é o quarto que vais mostrar às visitas. - Disse a avó.

De seguida, puxou por ela e levou-a até à cave.

- É aqui que vais dormir. - Disse a avó.

- Mas aqui está frio e escuro... - Disse Joanne.

- Consegues imaginar onde estão os teus pais? Eles disseram que sim, no hospital. Que tens muitas alucinações. Eles também têm frio, estão nesse escuro. Aprende a viver com eles. - Disse a avó, saindo e fechando a porta da cave atrás de si, deixando Joanne sozinha naquele lugar.

Joanne agarrou-se mais que nunca ao boneco.

- Não te preocupes, cachorrinho. Alguém virá nos ajudar. - Disse Joanne, com saudades do hospital.

Ela esperava que viesse mesmo alguém...



Célia não descansou enquanto não encontrou a morada dos avós de Joanne. Escapuliu-se até aos arquivos e, sem ninguém ver, verificou o arquivo de Joanne. Depois de a descobrir, esperou até à hora de saída. Nesse dia saía às 16h, dava tempo de ir dar uma visita até lá.

Sem avisar ninguém, apareceu à porta dos avós de Joanne.

- Boa tarde. Vinha ver a Joanne. Eu chamo-me Célia, trabalho no hospital.

- Boa tarde... Não estávamos à espera de visitas... Eu vou chamá-la. Importa-se esperar na rua um bocado? Tenho a casa um pouco desorganizada, sabe como são as crianças...

- Claro, sem problema.

Célia esperou. A avó de Joanne foi buscá-la à cave.

- Não sei quem esta pensa que é, mas tens visitas. Anda, vamos te limpar e mudar de roupa. - Disse a avó.

Demoraram uns bons quinze minutos. Célia, farta de esperar, tocou à campainha, novamente.

- Já vai... - Disse a avó. - Anda, veste este vestido cor de rosa e vai para a sala.

A avó foi abrir a porta.

- Sim, pode entrar. - Disse a avó.

Célia entrou. Assim que o fez, a menina correu para os seus braços.

- Joanne, minha querida. Como estás?

Joanne olhou para a avó com receio, olhou novamente para a Célia, sorriu e disse.

- Bem.

- Tens a certeza? - Perguntou Célia.

- Sim.

Célia não estava convencida. Algo lhe dizia que havia alguma coisa errada. Mas decidiu ignorar, por ora, e dedicar-se a ver aquela menina brincar com os seus brinquedos.


Sem comentários: