Fez-se um
silêncio. Marcos não compreendia.
- Como
assim, chumbou? Que se passou para não a contratarem à primeira, mas mudarem de
ideias à segunda vez?
- Na
verdade, ela, na primeira, admitia que não gostava de vermelho. O sangue é
vermelho. Mesmo que digam que não se importem de ver sangue, se alguém responde
que não gosta de vermelho, é dispensado. – Disse o chefe de gabinete de enfermaria.
- Só por
isso? Uma questão?
- Bem, não
só. Algo nas questões… Bem, fez-nos desconfiar de problemas mentais.
- Então
porque a contrataram à segunda?
- Porque
passou com distinção e o seu pai ajuda muito este hospital.
- Então
ela está aqui de favor?
- Não
exatamente. Está aqui por mérito, que fez por ganhar. Demonstrou ser uma
enfermeira exemplar. No entanto, se está de alguma forma envolvida no rapto
dessa menina… Penso que a terei de dispensar.
- Nada é
certo. Apenas estou a ver uma linha de investigação. Em principio ela está
eliminada como suspeita. Mas quero ter a certeza dos factos.
- Com
certeza. Estarei sempre à sua disposição. – Disse, por fim, o chefe de
gabinete. – Agora, se me desculpa, tenho de voltar ao trabalho. Como deve
entender, não estou sempre aqui.
- Com
certeza, entendo perfeitamente. Não o empato mais. Grato pela ajuda.
O chefe de
gabinete foi para as urgências ver se era necessário lá e Marcos saiu do
hospital.
- Ai,
senhora, nem imagina o que vi. – Disse uma vizinha do padre.
- Diga-me,
o que viu? – Disse a empregada.
- Sabe, vi
dois homens transportando um grande saco, pesado. Mas nunca os tinha visto.
Também pode ser da minha visão. Sabe como é, já não é o que era…
- Oh meu
Deus. O padre está desaparecido. Que faço?
- Porque
não vai à polícia? – Perguntou a vizinha.
- Até ia,
mas penso que um homem que disse que vinha visitar o padre trabalha lá. E se
ele está envolvido no desaparecimento do padre?
- Ai, vá a
outra esquadra.
- Tem
razão, tenho de ganhar coragem. Vou.
- Isso
mesmo.
A
empregada despediu-se da vizinha e foi apanhar um autocarro até ao outro canto
da cidade. Era lá que ficava a outra delegacia. Lá chegada, benzeu-se e entrou.
- Boa
tarde… - Disse a empregada para o policia na recepção.
- Boa
tarde, pois não. – Disse o policial.
- O meu
nome é Maria da Cruz e vinha apresentar queixa pelo desaparecimento do padre
José…
- Esse
padre não é da paroquia do outro lado da cidade?
- Sim,
mas, sabe, creio que há um polícia envolvido no desaparecimento dele…
- Como
assim?
Maria da
Cruz descreveu o facto da visita de Marcos e a sua constituição.
- Espere
um pouco. – Disse o policial.
O polícia
foi ter com o superior e encaminhou-a para lá.
- Boa
tarde, o meu nome é Luís Sargento. Conte-me essa história…
- Com
certeza. – Disse Maria da Cruz.
Enquanto
Maria da Cruz e o superior falavam, o policial da recepção aproveitou estar
sozinho e fez uma chamada…
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