segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, Capítulo 22






Fez-se um silêncio. Marcos não compreendia.

- Como assim, chumbou? Que se passou para não a contratarem à primeira, mas mudarem de ideias à segunda vez?

- Na verdade, ela, na primeira, admitia que não gostava de vermelho. O sangue é vermelho. Mesmo que digam que não se importem de ver sangue, se alguém responde que não gosta de vermelho, é dispensado. – Disse o chefe de gabinete de enfermaria.

- Só por isso? Uma questão?

- Bem, não só. Algo nas questões… Bem, fez-nos desconfiar de problemas mentais.

- Então porque a contrataram à segunda?

- Porque passou com distinção e o seu pai ajuda muito este hospital.

- Então ela está aqui de favor?

- Não exatamente. Está aqui por mérito, que fez por ganhar. Demonstrou ser uma enfermeira exemplar. No entanto, se está de alguma forma envolvida no rapto dessa menina… Penso que a terei de dispensar.

- Nada é certo. Apenas estou a ver uma linha de investigação. Em principio ela está eliminada como suspeita. Mas quero ter a certeza dos factos.

- Com certeza. Estarei sempre à sua disposição. – Disse, por fim, o chefe de gabinete. – Agora, se me desculpa, tenho de voltar ao trabalho. Como deve entender, não estou sempre aqui.

- Com certeza, entendo perfeitamente. Não o empato mais. Grato pela ajuda.

O chefe de gabinete foi para as urgências ver se era necessário lá e Marcos saiu do hospital.



- Ai, senhora, nem imagina o que vi. – Disse uma vizinha do padre.

- Diga-me, o que viu? – Disse a empregada.

- Sabe, vi dois homens transportando um grande saco, pesado. Mas nunca os tinha visto. Também pode ser da minha visão. Sabe como é, já não é o que era…

- Oh meu Deus. O padre está desaparecido. Que faço?

- Porque não vai à polícia? – Perguntou a vizinha.

- Até ia, mas penso que um homem que disse que vinha visitar o padre trabalha lá. E se ele está envolvido no desaparecimento do padre?

- Ai, vá a outra esquadra.

- Tem razão, tenho de ganhar coragem. Vou.

- Isso mesmo.

A empregada despediu-se da vizinha e foi apanhar um autocarro até ao outro canto da cidade. Era lá que ficava a outra delegacia. Lá chegada, benzeu-se e entrou.

- Boa tarde… - Disse a empregada para o policia na recepção.

- Boa tarde, pois não. – Disse o policial.

- O meu nome é Maria da Cruz e vinha apresentar queixa pelo desaparecimento do padre José…

- Esse padre não é da paroquia do outro lado da cidade?

- Sim, mas, sabe, creio que há um polícia envolvido no desaparecimento dele…

- Como assim?

Maria da Cruz descreveu o facto da visita de Marcos e a sua constituição.

- Espere um pouco. – Disse o policial.

O polícia foi ter com o superior e encaminhou-a para lá.

- Boa tarde, o meu nome é Luís Sargento. Conte-me essa história…

- Com certeza. – Disse Maria da Cruz.

Enquanto Maria da Cruz e o superior falavam, o policial da recepção aproveitou estar sozinho e fez uma chamada…

Sem comentários: