segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, capítulo 8








- A visita terminou. - Disse a avó, passado uma hora e meia. - Peço desculpa, mas tenho de fazer o jantar.

- Sim, com certeza. - Disse Célia. - Tens dormido melhor, minha querida?

Mais uma vez, Joanne olhou para a avó, depois para Célia e fez que sim com a cabeça.

- Muito bem, vou-me embora agora. - Disse Célia.

Célia deu dois beijos na face de Joanne, que aproveitou para sussurrar.

- Ajuda-me...

Célia olhou muito seriamente para Joanne e deu sinal de ter percebido algo. Disse adeus e partiu.

Depois de Célia partir, a avó de Joanne mandou-a para o quarto. Joanne agarrou-se ao seu peluche favorito e ia para a cave, quando a avó disse.

- Não. Para o teu quarto. Hoje dormes lá. Espera que te chame para jantar.

Joanne ficou admirada com a mudança da avó, mas não discutiu. Sabia bem voltar a dormir numa cama, e não no chão duro e frio da cave, sem nada para se cobrir e atormentada pela irmã e pelos pais.

O avô chegou pouco depois e a avó contou-lhe o que se tinha passado.

- Fizeste bem. Não venha alguém verificar algo, o melhor é ela estar dentro da normalidade.

- Com certeza. - Disse a avó.



Depois de sair de casa, já a alguns quarteirões, ligou para o colega segurança.

- Sim, estou?

- Sim. Preciso da tua ajuda para algo...



Nessa noite, Joanne adormeceu mais calma. A avó fechou a janela, com medo que algo acontecesse. Mas deixou-a dormir de luz acesa, para que não tivesse medo.



- Tens a certeza que é aquela? - Disse João, o segurança.

- Sim, é aquela janela. Vês como as paredes são cor de rosa? Tenho a certeza que é aquele quarto.

- Bem, segura a escada.

João subiu até à janela. Viu que era o quarto de Joanne e fez sinal à Célia. Tentou, de seguida, abrir a janela, sem sucesso. Como tal, bateu na janela repetidamente, até que a menina acordou. Mas, com o barulho, também despertou a avó. Antes que ela chegasse, desceu um pouco as escadas, escondendo-se.

- O que se passa aqui? - Disse a avó, de mau humor.

A menina estava a tentar abrir a janela.

- Tenho calor...

- Calor!?

- Sim...

A avó destrancou a janela e abriu uma fresta, sem olhar para baixo.

- Já está. Passa frio. Mas dorme sem fazer barulho.

- Está bem. - Disse Joanne, aparentemente obedecendo.

Mas, mal a avó saiu, Joanne foi até à janela, abri-la mais, com cuidado.

João subiu e, segurando em Joanne, levou para baixo. Quando chegaram lá a baixo, disse.

- Menina, a tua avó assustou-me.

- Shiu. - Disse Célia.

- Para onde vamos? - Perguntou Joanne depois de estarem dentro do carro.

- Eu sei para onde vamos... - Disse Célia.

Sem comentários: