segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, Capítulo 23






- Estou? - Disse Marcos.

- Estou, Marcos? É o David, da esquadra numero 2. Não devia estar a fazer isto, mas estou a ligar de um número da delegacia. Não tenho saldo. - Disse David, o policial da recepção.

- Diz, David.

- Acabou de entrar uma senhora que veio fazer uma queixa pelo desaparecimento do padre José. Ela deu a tua descrição como suspeito...

- Cara, e você aceita queixa?

- Quer dizer que você está envolvido?

- Claro que não! No entanto, fui visitar o padre no dia anterior ao seu desaparecimento. Ele estava bem, um pouco adoentado. Falou algo de ir visitar uns sobrinhos mais para o interior. Eu não disse isso a ela, me esqueci.

- Não se preocupa, não. Não existe motivo para preocupação, assim. A gente depois se fala, o meu superior e a mulher estão saindo do escritório. Tchau.

E desligou. Luís Sargento, tendo ouvido a ultima parte da conversa, perguntou ao David.

- Quem era que você estava falando?

- Ninguém não, chefe. Coisas pessoais.

- Ah, 'tá. - Disse Luís.

No entanto ele não ficou convencido. Depois de Maria da Cruz ter saído, foi falar com outro policial, a quem deu ordem para ir buscar os extratos telefônicos e respetivos números, do período que tinha estado à conversa com Maria da Cruz. Havia de descobrir com quem David havia falado...



Marcos encostou o automóvel, para pensar. O que se estava a passar? A sua vida podia estar prestes a sofrer uma reviravolta. Se descobrissem, se tivessem visto Marcos a remover o corpo do padre, estava feito. Olhou para as horas. Eram três. Não sabia que fazer. Nem tinha almoçado ainda, com essa correria. Iria comer algo e depois iria falar com o pai de Célia. Precisava saber se ele tinha algum conhecimento de um comportamento menos apropriado de Célia. Mais desviado para a loucura, quiçá...

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