- Estou? -
Disse Marcos.
- Estou,
Marcos? É o David, da esquadra numero 2. Não devia estar a fazer isto, mas
estou a ligar de um número da delegacia. Não tenho saldo. - Disse David, o
policial da recepção.
- Diz,
David.
- Acabou
de entrar uma senhora que veio fazer uma queixa pelo desaparecimento do padre
José. Ela deu a tua descrição como suspeito...
- Cara, e
você aceita queixa?
- Quer
dizer que você está envolvido?
- Claro
que não! No entanto, fui visitar o padre no dia anterior ao seu
desaparecimento. Ele estava bem, um pouco adoentado. Falou algo de ir visitar
uns sobrinhos mais para o interior. Eu não disse isso a ela, me esqueci.
- Não se
preocupa, não. Não existe motivo para preocupação, assim. A gente depois se
fala, o meu superior e a mulher estão saindo do escritório. Tchau.
E
desligou. Luís Sargento, tendo ouvido a ultima parte da conversa, perguntou ao
David.
- Quem era
que você estava falando?
- Ninguém
não, chefe. Coisas pessoais.
- Ah, 'tá.
- Disse Luís.
No entanto
ele não ficou convencido. Depois de Maria da Cruz ter saído, foi falar com
outro policial, a quem deu ordem para ir buscar os extratos telefônicos e
respetivos números, do período que tinha estado à conversa com Maria da Cruz.
Havia de descobrir com quem David havia falado...
Marcos
encostou o automóvel, para pensar. O que se estava a passar? A sua vida podia
estar prestes a sofrer uma reviravolta. Se descobrissem, se tivessem visto
Marcos a remover o corpo do padre, estava feito. Olhou para as horas. Eram
três. Não sabia que fazer. Nem tinha almoçado ainda, com essa correria. Iria
comer algo e depois iria falar com o pai de Célia. Precisava saber se ele tinha
algum conhecimento de um comportamento menos apropriado de Célia. Mais desviado
para a loucura, quiçá...
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