segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, Capítulo 17






Pegaram no corpo e levaram-no até ao carro. Já era de noite, hora de jantar. Ninguém se encontrava na rua naquele bairro.

- Temos sorte. - Disse Marcos, depois de colocar o corpo na bagageira do automóvel. - Este bairro é maioritariamente habitado por pessoas idosas. Ninguém, à hora de jantar, se aventura a vir cá fora.

- Mas temos de ter cuidado, mesmo assim. - Disse João.

- Sim, ten razão. Podem espreitar por detrás dos cortinados. - Disse Marcos, entrando no carro. - Vamos, que não quero que ninguém me reconheça mais tarde.

- Vamos, então. - Disse João. - Mas até onde?

- Ora, até onde enterrados o corpo do outro homem. Não te lembras onde é?

- Lembro sim. Nunca me esquecerei. - Disse João, arrancando com o carro.

Partiram, sem se aperceberem que eram observados. Uma idosa, vizinha do padre, tinha o observado a transportar um grande volume para o carro...

Foram até fora da cidade, até ao inicio da floresta. Lá chegados, estacionaram e retiraram o corpo da mala do carro, trancando-o de seguida. Seguiram, carregando o corpo, pela floresta dentro. Levavam lanternas, para verem o caminho. Até que chegaram a uma clareira.

- Pára. - Pediu João.

- Que foi, estás cansado? - Disse Marcos.

- Estou. E este é o local.

- Hum, estou impressionado. Lembras-te mesmo.

- Alguém tem de ir buscar as pás.

- Eu vou. - Disse Marcos.

E foi. Voltou rapidamente. Sem o peso do corpo o caminho fazia-se mais depressa.

Começaram a cavar. Atiraram o corpo para dentro da cova e taparam-no. Quando acabaram, estavam esgotados.

- Anda, temos de voltar. - Disse Marcos.

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