segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, capítulo 9






Quando chegaram, Joanne já dormia. Bateram á porta, João pegando na pequena Joanne ao colo. Ouviram-se passos arrastados.

- Sim, quem é?

- Senhor padre, peço perdão por incomodar o seu descanso, mas temos alguma urgência.

- É você, Célia? – Perguntou o padre.

- Sim, sou eu, um colega, e a menina.

O padre abriu a porta, confirmando quem estava à porta.

- Entrem, se faz favor…

Eles entraram. Joanne, entretanto, acordou.

Foram até á sala dos cómodos do padre.

- Sentem-se, por favor. – Disse o padre.

Todos se sentaram.

- Então esta é a menina. Conta-me, como tens passado?

- Obrigam-me a dormir na cave da casa. Só hoje é que me deixaram dormir no meu quarto…

- Pois, essa é outra questão. Em breve vão dar pelo ‘rapto’ de Joanne. Mas não a podemos devolver aquela casa. Ela é maltratada lá. – Disse Célia.

- Ela matou os pais… - Disse o Padre.

- Ela foi possuída, eu tenho a certeza disso. Ela foi orientada pela irmã morta. – Disse Célia.

Fez-se um silêncio.

- Toma noção do que tu dizes…  -Disse João. – Já viste como soas?

- Como soou? Como uma louca? Eu não estou maluca, nem ela. Tu viste o mesmo que eu no vídeo. – Disse Célia.

- Sim, mas há sempre outras hipóteses. Ela pode mesmo ter problemas mentais, apesar disso.

- Olha para ela. Parece ter problemas mentais? Não, é uma criança incompreendida e maltratada pela própria família.

- O padre o disse, ela matou a família. Podem não estar muito satisfeitos com ela.

- E deixam-na passar fome e frio por isso? É uma criança, João. Merece carinho, atenção. Mais valia a terem deixado no hospital.

- Célia, vamos falar lá fora. Tu estás nervosa e o padre deve precisar de falar com ela a sós…

Célia respirou fundo.

- Está bem. – Disse Célia.

Célia fez uma festa na face de Joanne antes de sair, dizendo-lhe um ‘Até já’.

- Bem, agora somos só nós. – Disse o padre.

Joanne encolheu-se no seu canto, fazendo que sim com a cabeça.

- Diz-me, como aparece a tua irmã?

- Ela aparece ferida nos pulsos. Sangrando…

- Sim, mas como? É preciso algo para chamá-la?

- Não. Ela está ali, à espera. Está zangada. – Disse Joanne, apontando para a parede atrás do padre.


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