segunda-feira, novembro 05, 2018

Para lá da visão, capítulo 4






Joanne demonstrava cada vez maior sonolência durante o dia, o que indicava que, de noite, não dormia bem. Mais uma vez, sentiam pena dela e não lhe queriam administrar comprimidos de dormir, pelo que a solução encontrada foi as enfermeiras fazerem meio turnos no quarto de Joanne, para que não dormisse desacompanhada. E assim aconteceu. A princípio, Joanne dormia bem. Mas, depois, começaram os problemas.... Acordava a meio da noite a gritar, destapava-se sozinha... Este ultimo facto era muito estranho pois, conforme mais de uma enfermeira constatou, os lençóis pareciam ganhar vida própria. As enfermeiras comentavam entre si esse facto. Mas ninguém queria avançar com o testemunho que talvez a menina estivesse mesmo assombrada.



Uma noite, a enfermeira, cansada, deixou-se dormir. Joanne acordou durante essa altura, sem fazer barulho nenhum. Viu como a irmã, do canto onde ela se encontrava, avançava para a enfermeira, até estar cara a cara. A enfermeira acordou. Viu Sarita com claridade. Gritou e saiu do quarto, pedindo ajuda. Quando chegaram outros enfermeiros, verificaram que somente Joanne se encontrava no quarto.



- Mas eu vi, eu juro que vi. Ela sangrava dos pulsos, tal como a menina descreveu a irmã.



- Célia, tu estavas a dormir. Tiveste um pesadelo. Talvez influenciada pelas palavras de Joanne, viste a irmã no teu sonho...



- Mas eu vi...



- É melhor saíres do quarto. Isabel vai te substituir.



- Está bem...



Célia obedeceu. Ficou a olhar fixamente para Joanne, e, depois, saiu. Entrou Isabel. Esta contou uma história a Joanne, para dormir mais calma. E, de facto, Joanne fingiu estar calma. Na verdade, sabia que, agora, alguém acreditava verdadeiramente nela. Célia acreditava.

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